Os cemitérios como espaços de memória, ensino e aprendizagem:
relatos de uma visita guiada ao cemitério São João Batista em Rio
Branco-Acre.
No
mês de setembro de 2014, os alunos dos nonos anos da escola P.e Diogo Feijó
receberam uma estranha missão, eles deveriam fazer uma visita guiada a um dos
mais antigos cemitérios de Rio Branco - Acre, o cemitério São João Batista.
Essa tarefa era parte de um conjunto de ações interdisciplinares articuladas
pelos professores das áreas de História, Geografia, Ciências e Língua
Portuguesa.
Nas aulas de História o professor desenvolveu temáticas relacionadas aos conceitos de locais de memória, patrimônio histórico e as representações sobre a vida e sobre a morte em diferentes sociedades, os alunos foram orientados acerca dos objetivos da visita guiada que seria realizada e sobre os trabalhos de pesquisa que deveriam realizar.
Durante a
visita, vários temas puderam ser discutidos. Um deles
surgiu da análise e da comparação
dos espaços da cidade e a constituição física do interior do cemitério. A
distribuição das quadras e a disposição dos túmulos no cemitério São João
Batista, serviram de suporte para a discussão do processo de
urbanização de Rio Branco, representada pelas diversas tentativas de
estabelecer separações entre espaços centrais, destinados ao comércio e às
elites econômicas e áreas periféricas, destinadas aos mais pobres. De modo
semelhante, ao que ocorreu na capital do Acre, também naquele cemitério, ocorreram
essas investidas sobre os espaços, refletindo nas tensões presentificadas na
disposição de túmulos majestosamente edificados posicionados ao lado e até
sobre jazidos simples e precariamente identificados.
Essa análise pôde ser complementada durante as aulas de Geografia, momento em que os alunos puderam orientados pela professora daquela disciplina, aprofundar os estudos, destacando aspectos dos projetos de urbanização propostos para Rio Branco e as consequentes formas de exclusão postas em ação durante aqueles processos (reforçados ou amenizados em diversos outros momentos da história da capital acriana). Os alunos puderam pôr em prática os conhecimentos adquiridos durante as aulas sobre representações cartográficas.
A proposta foi de que os alunos elaborassem pequenos mapas sobre locais da capital acriana que tivessem o nome de algum dos personagens históricos que eles identificaram durante a aula de campo no cemitério São João Batista. Os mapas deveriam apresentar o período de construção, características físicas e populacionais (no caso de bairros e/ou ruas e avenidas) bem como uma fotografia tanto do espaço representado quanto do túmulo cujas pessoas foram homenageadas nesses locais da cidade.
N
a disciplina de Ciências, o
professor pôde discutir as relações entre os usos do espaço urbano e os
problemas ambientais, esclarecendo que as relações estabelecidas entre os seres
humanos e a natureza são historicamente construídas, e, por tanto podem ser
modificadas.
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